sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Graça dolorosa


 


 


 


 

Graça é romper com o comportamento antigo, pois Deus somente providenciará as circunstâncias para você mudar de atitude; no âmbito da Graça, temos à nossa disposição todas as ferramentas para um viver santo; "Pois vocês foram salvos pela Graça, por meio da fé, e isto não veio de vocês, é dom de Deus." Ef 2: 8 NVI - E pela Graça permanecemos salvos, e prosseguimos santos.

Pela Graça me examino e admito sem sombras o que "é de Deus" ou não no meu caráter; o sentido amplo ou restrito da vida cristã é agradar o Cristo, a despeito das minhas muito bem elaboradas teses, liturgias e do meu pensamento teológico. Em Cristo encerra-se o anseio por santificação.

A Graça em minha caminhada (e aqui faço clara distinção entre o ato da salvação e o processo de santificação) só tem eficácia quando me rendo, afirmo que não há rendição com ressalvas, (muitas vezes, no submundo, tive que depor as armas pra permanecer vivo) quem se rende não impõe condições.

Desta forma ao me render a Cristo deixo no chão todos os meus pensamentos, e posições morais, sociais, políticas, afetivas, religiosas e aguardo silente, até receber o pensamento de Jesus em mim.

Isso dói profundamente. Abrir mão, abandonar meu pensamento por anos entrincheirado: "O que para mim era lucro (...) considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo," Fp 3: 7a, 8 NVI.

Sob Cristo minha escala de valores muda, em Cristo a visão de mim mesmo e do mundo é alterada.

Quando a Graça nos alcança é porque o amor já nos atingiu, abriu caminho trazendo à tona quem realmente somos; neste momento tudo o que antes era precioso assume a aparência e o valor de estrume.

Não há júbilo na confissão honesta e livre diante do Pai; ao considerar a minha condição humana confirmo que bem ou bondade alguma há em mim que não proceda do Pai.

Sem medo de "trair o pensamento arminiano que permeia o meu discurso" eu, pela Graça afirmo não haver oportunidade alguma no meu coração de desviar de praticar o mal e zelosamente praticar o bem; não pratico o bem sem Deus por provedor do bem.

Isso é Graça. A Bíblia nos livra dos equivocados e irresponsáveis conceitos acerca do gracioso trato divino a nosso respeito; "o agir de Deus é lindo..." diz uma canção gospel cantada por todo mundo aqui, até nos botequins que surgem próximos à Missão vida cantam isso.

O agir de Deus é doloroso, requer reação, respostas sinceras, lindo agir divino me libertando da autojustificação e concedendo a graciosa condição de me relacionar noutro nível, elevadíssimo, "e ser encontrado n'Ele, não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé." Fp 3: 9

Graça. Graça que liberta a minha mente de racionar alicerçada nos meus conceitos de justiça e justificação, livrando-me do legalismo; capacitando-me para "ser fiel até a morte" ou a segunda vinda. Permaneço salvo, e prossigo santo.

Em meu coração outro desejo não há senão o expresso por São Paulo: "Quero conhecer Cristo, o poder da sua ressurreição e a participação nos seus sofrimentos, tornando-me como Ele na sua morte para de alguma forma, alcançar a ressurreição dentre os mortos." Fp 3: 10, 11 NVI

Isso é Graça, isso me basta.

Magno Aquino

Editor do sola Scriptura


 


 


 

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Orei, e o pior aconteceu.


 


 

_____________________________ Magno Aquino


 

Orei e me tranquilizei; após inúmeras ligações e e-mails desisti de argumentar com a operadora de celular e internet, proverbiei: "mais tem Deus pra dar que o diabo pra tirar!" de origem bem mineira e efetuei o indevido pagamento mesmo tendo "oficialmente" por duas vezes cancelado o contrato de serviços que de nada me serviam.

Não me digam pra acionar o PROCON, a mocinha que lá atende, do mesmo calvário padece. Choquei. O "trem" aqui é de amargar!

Orei e me tranquilizei; a caminho da praia minha conversa com o Senhor girava em torno da minha gratidão pela folga no meio da semana e um pedido pra Ele me "ensinar" a ser cauteloso, atento, centrado, criterioso, desconfiado, cuidadoso, mineiro e todos os adjetivos aplicáveis e bons quando o assunto são os meus proventos; parcos, porém preciosos.

Oração e tranqüilidade, salmo 40 na área!

Apeei da van e aspirei profundamente o "ar do mar", inconfundível cheiro bom e, o pior aconteceu!

De novo! O dinheiro da volta e do lanche que estava no bolso da bermuda, SUMIU! Assim tipo vapt! Assim tipo vupt! Ah, Deus...

Pensa num sujeito desolado! Eu. Não orei nem tranqüilizei, nem pensar eu conseguia; um nó na garganta dificultava respirar, amargou-me a saliva. Uma sensação horrível de abandono me tomou por refém. (agora eu sei o que a minha filha sentiu quando a esqueci no shopping; duas vezes).

Ta, tudo bem, eu sei que eram só "vinte mangos" mas era o dinheiro em si, pelo menos naquele momento não era; eu orara minutos antes, lembra? Tranquilizara-me. Desapontei feio.

Estive confiante; Deus cuidaria de tudo após a oração tão bem feita olhando pra baixo pra não distrair enquanto orava. "Essas coisas agora seriam coisas do passado; sem débitos indevidos, contas fantasmas a me assombrar o orçamento, sem procons." Aquilo sequestrou a minha fé. Por essa eu não esperava.

E o acordo com Deus? Tão bem feito... Lembra de Josué logo após o vexame militar na cidade de Ai? Js 7: 9. Solidarizei. Jefté chegando em casa e dando de cara com a filha? Jz 11: 34 35 ("Jef" eu te entendo...) Meus sentimentos misturados e a minha compreensão comprometida por eles e um vazio de dar dó.

"Ah, isso não deveria acontecer aos crentes. Logo eu, dizimista, ofertante, missionário, voluntário pra um monte de coisas..." Pensava. Tava tão feliz com a matéria da Ultimato "A turma de Jesus" (a revista tem sumido de Viçosa pra cá, êita, os Correios!) Feliz com essa coisa de ser um amigo de Jesus, e como é então que Deus deixa acontecer um trem desses? Minha cabeça ardia.

Eu estava que nem Josué, doido pra botar a culpa em Deus; assim quem Sabe talvez ele mandasse quem achou meu dinheiro, devolver. ("AONDE!" Em bom goianês da Elê.) Bati pernas por aí e Deus, longânimo como só Ele não se constrangeu com meus lamentos e acusações: "Pô, Pai, devia cuidar melhor de mim, né?"

Daí foi que danei a pensar nos desapontamentos relatados na Bíblia: o "desapontamento" de Deus com lúcifer e a sua gang; o "desapontamento" com Adão, ah, Eva. A lista não acaba, tem Babel, bezerro de ouro e por aí vai; Davi! Vich! Noé acordando do pileque... Abraão... Salta essa.

Davi tem dois lados nessa história, "desaponta" e a sua prole era a encarnação do desapontamento. Penso nas vezes que desapontei minha mãe, muitas vezes; desapontei a igreja, tantas vezes; minhas filhas, ufa!

As pessoas, e incluam-me aí, tem o hábito ruim de ampliar a dor e perda pessoais; não compreendendo os motivos, resumem tudo a uma ciranda cruel de ações malignas somadas ao desinteresse divino. Caos.

Não sou deísta, estava desapontado. Ponderando e considerando a "periferia" dos fatos, cai a ficha, Deus não é o meu assessor nem minha babá e não é serviço d'Ele evitar minhas perdas. Sou apenas humano, ingrato e murmurador. Tem hora que nem eu me aguento.

Aprendo com os "desapontamentos" de Deus conosco, entre nós, com os que sofro e causo e aprendo mais nessa hora: "Deus, na verdade nunca me desapontou; uma coisa que deveria saber há tempos." Não posso perpetuar esse meu pueril proceder e culpar Deus por todas as coisas ruins que acontecem aos crentes. Ralhar com Deus é estupidez; cobrar de Deus é insano.

Deus e eu não somos da mesma patente.

O pastor Zilvan me pega aqui quando buscar as meninas na escola; nesse meio tempo zanzeando pela praia, encontro o meu banquinho preferido, me assento e gasto tempo observando pescadores consertando os seus barcos, outros à-toa. Putz! Ainda agora eu tava considerando a hipótese de escrever sobre o meu vale da sombra da morte, meu vale de ossos secos, meu vale de Hinom; mas nem vale a tinta. Vinte reais não valem tudo isso que estive sentindo. Aprendi.

Da próxima eu peço uma cópia do contrato, exijo nota fiscal, espero o recibo; da próxima guardo o dinheiro da volta pra casa, e do lanche na bolsa ao em vez de largar no bolso largo da bermuda de playboy junto com celular, câmera, chaves e sabe-se lá mais o que levo nesses bolsos.

E paro de uma vez por todas de "espiritualizar" cada vez que perco algum objeto ou dinheiro, cada vez que alguém me trapaceia e todas as vezes que tiro um extrato no banco. Pra Deus "conseguir" me ajudar terei que tomar jeito e me organizar melhor. Temer mais e reclamar menos. A carona chegou.


 

Comunidade Letra Santa!


 


 


 


 

domingo, 12 de setembro de 2010

Eu sou amigo de Deus.

Magno Aquino

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"Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas Eu vos tenho chamado amigos, pois tudo o que ouvi de meu Pai, Eu compartilhei convosco." João 15: 15 KJA

Recebemos de Deus a capacidade de relacionarmo-nos com Ele, com os outros e conosco; a declaração do Senhor alegra-nos, os amigos. O servo não toma conhecimento das decisões do seu senhor, pois estas não lhe competem; o amigo é chamado a participar e opinar. Fazer parte da decisão.

Assim trata-nos Deus; o arbítrio livre e a alegria de tê-Lo por perto.

Somos amigos de Deus; tudo que a nós diz respeito interessa ao Pai e esta é a vida cristã na sua integralidade: somos mútuos quando as coisas de Deus ocupam o meu coração e os meus pensamentos e orientam o meu cotidiano. "E a paz de Deus, que ultrapassa todo entendimento, guardará vosso coração e os vossos pensamentos em Cristo Jesus (...) nisso pensai." Fp 4: 7-8b

Não há conflito entre o livre-arbítrio e o serviço que prestamos ao Reino; amigos são infinitamente mais chegados que servos. Amigos servem de bom coração.

Eu sou amigo de Deus; da minha intimidade com Ele apreendo a minha real condição de amigo, amigo de Deus, por isso abandono o relacionamento anterior no qual prevalecia o hábito de pedir coisas, (que receberei de acordo com a Sua perfeita vontade que é santa e boa ) e me dirijo a Ele nos termos da amizade sem igual, "as palavras d'Ele permanecem em mim, e eu permaneço n'Ele!"

Isso me leva a um novo relacionamento de dependência, lealdade e cooperação: "E que Cristo habite por meio da fé em vosso coração, a fim de que, arraigados e fundamentados em amor, vos seja possível, em união com todos os santos, compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade dessa fraternidade, e, assim, entender o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que sejais preenchidos de toda a plenitude de Deus." Ef 3: 17- 19

O Senhor Espírito Santo tem se aproveitado das minhas atuais leituras pra produzir em mim essa nova consciência desse novo relacionamento; ando meio constrangido por me apresentar assim ao Pai, "sem tirar nem por", desconverso em meio à prece, calo-me na confissão (ainda); é assim o tempo todo. Complicado ser íntimo, né?

Mais de duas décadas e eu aqui aprendendo uns trem novo sobre Deus, meu amigo Deus; parece noivado ou aquela amizade profunda onde não cabe maquiagem nem rodeios. Tudo é absurdamente belo, difícil e cheira muito bem!

"Ah, gastar tempo aqui contemplando o mar e sendo feliz!"

Boa essa minha condição de amigo de Deus, que criou e sustenta e interage com tudo que alcança a minha vista e além, e ainda se importa comigo, dedica-se ao meu dia e me alimenta, cura, capacita, anima,renova e protege.

Nessa perspectiva de filho do Criador do universo vou apoucando-me no conceito que outrora tive e ainda tenho de mim mesmo, percebo-me diminuto, porém não mais "desimportante"; até caber na profunda simplicidade da oração ensinada por Ele, "Pai nosso..." Aproximar-me numa nova expectativa: "Portanto, acheguemo-nos com toda a confiança ao trono da Graça, para que recebamos misericórdia e encontremos o poder que nos socorre no momento da necessidade." Hb 4: 16

Aproximar numa nova condição, amigo de Deus; ex-bandido, sim; ex-ladrão, sim; ex-viciado e ex-bêbado pelas desesperadas ruas de Belo Horizonte, também; mas amigo de Deus, que me acolhe a despeito de mim e "gasta tempo" comigo.

"; e o que vem a mim, de maneira alguma o excluirei." "De fato esta é a vontade d'Aquele que me enviou: que todo aquele que vir o Filho e n'Ele crer tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia." João 6: 37, 40.

Ao contabilizar o passado de violência e solidão que construí, o presente que diariamente é restaurado pelo Senhor Espírito Santo e o futuro oferecido pela cruz, só me resta erguer os olhos, admirar e chorar alegremente.

Sou amigo de Deus! Isso é Graça, e me basta.


 

Missão Vida! Porque ajudar faz bem.


 

Sola Scriptura! 3º ano de leitura bíblica.