quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

A Deus novo ano!


 

________ Magno Aquino


 


 

Reflito sobre este meu último ano, por conseguinte sobre o próximo; pra fazer algo assim foi preciso despir-me da expectativa criada no início deste e da nova; um balanço requer imparcialidade, esvaziamento emocional; não me culpo mais, glorio-me, às vezes.

Humano; sempre rápido pra encontrar culpados pelos meus dissabores, e fracassos, inclinado aos louros; todos e quaisquer méritos, reivindico-os sem culpa nem insônia. Sendo só sincero: "acertei algumas, atrapalharam-me n'outras!" Eis o sentimento sem retoques doutrinescos nem abalos morais. Êita sem Deus! E me chamam de crente, irch!

Confissões têm alto preço; pedi muitas coisas a Deus, na maioria das minhas orações mantenho as mãos estendidas, descabidamente peço umas coisas e uns trem.. Convulsivamente peço, até pro galo ser campeão... (haja fé!)

No episódio dos dez leprosos; Lucas 17: 11 – 19 há dois exemplos claros: somos gratos, ou nem tanto; o curado que voltou pra agradecer recebeu mais que a cura, foi salvo! O Mestre afirmou isso! Os nove curados que não voltaram, bem, eles não foram salvos; há uma afirmativa de desapontamento por parte do Senhor, que não chega a ser uma condenação: eles pediram "apenas" a cura e receberam "apenas" a cura e foram cuidar das suas vidas; o máximo que posso dizer é: Ingratos!

Sob a ótica bíblica (minha fé, toda ela é dependente da Bíblia, posso e leio muitos livros, mas são coadjuvantes. A Bíblia é a Bíblia. Se você for um crente sabe do que estou falando, se não for um crente, nem mil páginas de bons argumentos lhe darão sequer uma tênue idéia da relação de amor, dependência e regozijo entre um crente e o Livro Santo.)

Sim, sob a ótica da Bíblia eu escolho exercer minha gratidão de todas as formas, aproximo-me de Deus, obedeço à ordem: "Dai graças em toda e qualquer circunstância, porquanto essa é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco." I tessalonicenses 5: 18 (KJA) e há sempre a certeza de aproximar-me do Trono com o coração repleto de gratidão e retornar, no mínimo com a benção do olhar aprovador do meu querido Deus e Pai.

Expressar agradecimentos a Deus conduz-me no mínimo à expectativa (olha a palavrinha aí de volta!) de bênçãos adicionais e não estou pregando nada parecido com os iurdianos ou gracenses; creio que é sobre isso também que nos fala efésios 3: 14 – 21, nós, plenos da presença do Senhor, confiantes em toda circunstância, gratos pela situação de salvos e amparados pela graciosa promessa: "Àquele que é poderoso de realizar infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que age em nós." Ef 3: 20.

Cultos de ação de graças são... Um motivo pra testar nossa crentitude, liturgias mal-acabadas e inacabáveis, alguns lembram as intermináveis campanhas neopentecostais; neste ano queimei a língua. Volta e meia queimo. Fui à Igreja Cristã Evangélica de Sobradinho – DF e pasmem, foi um desses cultos dos quais se lembrarão dele por muito tempo, sério.

É claro que o culto de final de ano deles teve a cara, o cheiro, os modelitos, as poses e algumas falas comuns a este tipo de culto; mas algo mudou durante o "trajeto", Deus interferiu no tom, sem combinarem nada, (minha namorada jogou a programação no livro de Neemias, ali perto de Rute) as pessoas se levantavam pra serem gratas e dizerem isso espontaneamente... (e olha que nós os tradicos, não somos assim tão espontâneos como o são os irmãos pentecos) Contando as bênçãos, todas de uma vez! As bençãos, não as pessoas; tradicos... Lembra?

E um só era o aspecto de cada um naquele pequeno templo, pessoas gratas a Deus por uma pá de coisas! Quando o Joel falou encheu os nossos corações, júbilo e uma afirmação inundaram-nos, Ele é fiel! O cuidado amoroso e o trato gentil do Mestre foi a tônica do discurso agradecido da Gisele, do pr. Valdemir, pr. Wilson, do filho do Josemar.

O testemunho da Rogélica foi um desses torpedos que nos trazem à memória o real propósito de servirmos ao Senhor: pra termos vida, abundante vida. Foi nessa hora que me veio ao coração a alegria de ser crente e de saber que posso todas as coisas n'Aquele; é preciso que o Senhor entre em nossas casas, mesmo nas casas chiques e abastadas e que Ele e não nós interfira no comum itinerário que outrora traçávamos conforme nos desse na telha. Deus que salvou Rogélica, salva-nos também!

Posso dizer apropriadamente que entendo hoje o sentido de um culto de ação de graças; é pra sermos gratos, totalmente gratos. Certamente!

E já que este minifúndio hoje é pra falar de gratidão; também fui à frente pra dizer o quanto o Centro de Recuperação de Mendigos é grato; se hoje servimos melhor aos nossos alunos, é pela generosidade da Igreja que servimos.

Ah! Sou grato também, pois a Elê é de lá!


 

(ex-interno do Centro de Recuperação de Mendigos – Missão Vida


 

http://www.mvida.org.br visite-nos ainda hoje.


 

http://www.sola-scriptura.com O prazer da leitura bíblica.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A espiritualidade do descanso /

A ESPIRITUALIDADE DO DESCANSO
________________________________
Caio Fábio
__________


Durante muitos anos eu julguei que esse mandamento de Jesus era para os outros, não para mim. Então pus-me a trabalhar na intenção de “remir o tempo, pois os dias são maus”.

O que somente a experiência revela é o seguinte:

1. Jesus viveu apenas 3 anos de intenso ministério e ainda assim julgou que era preciso parar e se separar do bulício da vida e das necessidades humanas a fim de repousar, de comer em paz e de renovar as forças do ser.

2. Sendo Ele quem era, ainda assim, não brincou com a encarnação. Trata-se de Deus respeitando os limites da condição humana.

3. Desse modo fica-se sabendo que nem Deus em Cristo prescindiu da necessidade do repouso. E as implicações disso são óbvias e simples: mesmo a mais genuína e legitima espiritualidade não pode prescindir dos limites do corpo e da alma. Portanto, qualquer projeto de espiritualidade que pretenda existir acima da condição humana está fadado ao fracasso e à doença!



No arroubo da juventude, estimulado pela energia missionária de potro, corri como quem tinha que salvar o mundo inteiro, e cansei...


As conseqüências são inevitáveis:

1. O coração perde o ardor não por falta de amor, mas por absoluta necessidade de energia.

2. Vivendo extenuado, tudo se torna pesado. E nada é mais stressante que o ministério, se vivido com paixão, calor e intensidade.

3. A alma cansada pede férias. E, muitas vezes, pede férias até mesmo do ministério. O que vem na seqüência é que já não se sabe mais se se está cansado pelo cansaço ou se se está cansado do ministério.

4. O próximo passo é que toda a pilantragem que nos circunda vai fazendo o coração cansado achar que está perdendo tempo, malhando em ferro frio, e, então, surge o marasmo, a descrença e a tristeza.

5. Cansaço deprime, esgota e des-romancia a alma. Então, vem a falência dos ideais e inicia-se o processo de trabalhar mecanicamente.

6. O fim disso é imprevisível. Uns adoecem psicologicamente. Outros anestesiam-se a fim de continuar “empurrando com a barriga”. E outros ainda, caem no caminho da auto-indulgencia, pois, se tudo é tão ruim, por quê não dá a si mesmo um pouco de auto-compensação?


Escrevi isto quando estava voltando da floresta no início deste ano de 2003!

Meu pai tem casa por lá. As cutias comem no fundo do quintal, os rastros dos gatos maracajás aparecem na areia branca e fina, os pássaros gorjeiam aos milhares e os sapos são tenores, barítonos, baixos e sopranos!

E as guaribas?—uma espécie de macaco vermelho—cantam em grupos de 300 ou 400 todas as madrugadas de lua cheia, num coral de vozes guturais e barítonas, regidas pelo macaco chefe, o capelão!

E os igarapés? e as cachoeiras? e os peixes do paraíso, após cada provada não dá mais para comer peixe de mar, carregado de maresia?

E meus amigos caboclos? e suas histórias tão puras? e suas dores tão simples e não neuróticas? e suas alegrias tão singelas? e sua fidelidade tão florestalmente macha e digna?

Ah! hoje, mais do que nunca, entendo porque meu pai nunca quis vir para estas plagas—quase pragas—locais e urbanas, onde tudo e todos ofegam até enquanto dizem descansar!

E é essa vida no descanso da Graça que quero viver. E é nessa paz de poder ser de Deus e servi-Lo sem messianismo de nenhuma natureza que estou gostando muito de viver!



Que Deus abençoe você!

Nele,

Caio

sábado, 12 de dezembro de 2009

Vida integral


 

_____________ Vida integral_____________________

"Ora, assim como o corpo é uma unidade, embora tenha muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um só corpo..." l co 12:12

Somos um mar de gente!

Quer confirmar esta afirmativa? Apareça numa das unidades da Missão Vida; diferenças raciais, sociais, religiosas, futebolísticas e peculiaridades mil. Somos um mar étnico e um caldeirão de rostos.

Mas cada interno tem a sua própria história e na história de cada um residem "os sonhos que se perderam..." a esperança que virou poeira, medos e frustrações; nós, obreiros e internos completamo-nos como corpo, homens sofridos sem hipócritas lamentações; pessoas que antes não eram povo, mas que agora se aproximam e caminham rumo a uma identidade nova, uma vida nova, uma esperança nova e única, numa mutualidade em Cristo.

Mais importante do que nos preocuparmos com as coisas que fazemos "pra" Deus, é contabilizarmos o que temos feito em parceria com Deus em favor do irmão; o naipe da nossa vida é aquilatado tendo por referência o serviço. Somos servos aqui, para isso fomos treinados, nossa função é o serviço; a este cotidiano chamamos de "a nossa nova vida!"

Pessoalmente descubro a cada dia que a obra de Deus pode sobreviver e sobrevive sem os meus humildes serviços e sem os meus substituíveis talentos, mas agrada o coração do Pai ter-me por amigo e servo.

Enquanto vivo uma rotina piedosa pra Deus, engano-me; meus pios atos não movem o coração de Deus. Da minha ação em direção ao próximo, da minha disposição em promover cada interno em múltiplos sentidos é que Deus alcança o seu objetivo; é nessa hora, quando amparo o necessitado, é que Deus se cumpre em mim, pleno. Deus não tem ouras mãos que não sejam as minhas e as suas pra fazer serviço social. Nem outra boca pra falar de amor.

Posso preparar e pregar belos e empolgantes sermões que animem a caminhada do recuperando, e pela graça divina tenho feito isso, e posso presenciar vidas sendo transformadas pelo poder da Palavra; mas é quando cuido da alimentação, das roupas, faço curativos, distribuo calçados e acompanho ao serviço médico, é que eles começam a compreender que tudo no altar faz sentido.

Não é uma apologia às obras como meio de salvação, não, é o meu próprio testemunho: As pessoas se moveram em minha direção quando o mais prudente seria afastarem-se, então compreendi a amplitude da misericórdia do céu; a mão da Igreja é que me ensina que será sempre através dos crentes que gente como eu receberá o amor de Jesus.

Intrincados raciocínios teológicos são bons e válidos pra crentes maduros, isso é fato, necessitamos disso; pregações que nos animem nos desafiem e nos confirmem como homens e mulheres de Deus, marcados pela cruz, amoldados ao caráter do Redentor; homens e mulheres de rua, carentes de tudo, no entanto, esperam primeiro que os tiremos da situação de miseráveis, nus, famintos, enfermos, iletrados, esquecidos; é bíblico, totalmente bíblico.

Para quem nunca padeceu necessidade alguma este é mais um discurso sobre gente pobre, a quem o Evangelho integral não alcançou, as minhas palavras soam como coisa nenhuma; mas a cada um de nós, personagens da ciranda: "Faminto, nu, sedento, enfermo, aflito" e a todos cujos corações foram acariciados pela mensagem do Evangelho inteiro, esta é uma séria conversa sobre amar os outros com graça e qualidade.

O que pode parecer uma brusca mudança de assunto é, na verdade uma afirmação: não importa a sua corrente denominacional, ou qual parte do corpo você se julga ser e é, importa a urgência em satisfazermos a vontade do Salvador, sermos um; o corpo é que cura o corpo, e dele cuida.

_____________________ Magno Aquino Miramontes ___________